e por falar em pedra...
A sina do homem-pedra (ou Palavras para Luiza)
De repente, numa tarde de inverno, aquelas letras soaram alto no meu ouvido e , sem mais nem menos, arrancaram dos meus mórbidos lábios um lindo sorriso. Um sorriso que há muito tempo me deixou, partiu para bem longe. Seria a sina do homem-pedra ser quebrado ?
De repente, sem bater, seu belo rosto entrou pelas portas do meu mundo. Você parou, me olhou e, por fim, cantou uma velha canção: aquela que falava de amor e ódio. A mesma que um dia nos fez pensar, refletir sobre nós mesmos e nossas vidas fúteis.
De repente fiquei bravo, parado diante da impossibilidade de lhe retribuir. Você me beijava a face como a mãe que beija o filho que dorme cansado, que descansa da vida. Não pude dizer o quanto aquilo me fez feliz.
Me senti mais pedra do que nunca, tão imóvel quanto a rocha que apanha das águas do mar e nada faz para se defender. Me senti frio e seco como gelo. Trancafiado num congelador de ilusões onde nada acontece, onde tudo é estático. O homem-pedra estava mais pedra do que nunca.
Mas uma folha caiu, se desprendeu do seu passado e pousou sobre o chão molhado. A poça d’água refletiu seus olhos verdes, tão verdes quanto aquela folha. Isso me fez lembrar do passado, das conversas na varanda, do quanto já significamos um para o outro, do quanto nos separamos, nos perdemos.
E agora aqui está você, mesmo que apenas em palavras, me fazendo sentir novamente. Sentir alegria, medo e dor. Sentir saudades.
São momentos como esses que me fazem viver, sem saber o que será do amanhã, que fim nos espera, se o destino nos juntará ou não. São momentos como esses que me fazem sorrir, que me fazem sentir. Momentos que me fazem perceber o quanto somos importantes, mesmo que para poucos. Momentos que me fazem lembrar daquilo que você me disse em silêncio, sem saber:
Que o amor é para sempre !!!
Então viajo de volta, numa longa jornada rumo ao meu mundo, e volto a lembrar do que senti naquela tarde de inverno, ao ler suas palavras. Naquela tarde o mundo parou e tudo em que pude pensar se resumiu a um só lindo pensamento: você.
De repente, o homem-pedra chorou. Molhou seu coração com lágrimas que há tempos não caíam. Quebrou as grades que o prendiam... e voltou a ser feliz.
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