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31 março, 2006

lembranças de uma copa do mundo



(Dogão Vandaleti)

Para um garoto apaixonado por futebol, o sonho de ver o Brasil campeão de uma Copa do Mundo pela 1ª vez, era quase que uma obsessão. Marcado pela derrota brasileira em 1990 para a Argentina, na Itália, a esperança de ver o capitão Dunga levantar a taça naquele ano, era enorme. Naquela tarde de 9 de julho, eu estava reunido em casa, com meu pai e meu irmão para ver o jogo que valia pelas quartas-de-finais da copa de 94. Brasil e Holanda.

A Seleção Brasileira começou arrasadora, e logo abriu vantagem fazendo 2 a 0, ainda com 16 minutos de partida. Aos 6 minutos da 1ª etapa, após receber lançamento de Aldair pela esquerda, Bebeto cruzou para Romário abrir o placar no estádio Cotton Bowl, em Dallas. Passados dez minutos, mais um lançamento vindo do setor defensivo, desta vez de Márcio Santos, encontrou Bebeto livre para driblar o goleiro Göer e ampliar para a seleção.

A quase certeza de vitória por parte dos brasileiros começou a ser colocada em dúvida, quando o craque holandês Bergkamp diminuiu aos 18 e Winter empatou aos 30 minutos ainda no primeiro tempo. Meu sentimento de angústia, e não diferente com meu pai e irmão, tomava conta do ambiente. Seria mais uma decepção com o Brasil e Copas do Mundo? Afinal, a seleção já amargava uma fila de 24 anos sem títulos, e os traumas de 1986 e 1990 ainda estavam em nossas memórias.

O sofrimento e ansiedade eram grandes, mas nós contávamos com uma das seleções, que apesar da deficiência técnica, era uma das mais aguerridas e aplicadas taticamente de todos os tempos.
A seleção exercia forte pressão sobre os holandeses, e aos 36 minutos da etapa complementar, o lateral-esquerdo Branco, que por uma eventualidade assumiu a vaga de titular (Leonardo havia sido expulso no jogo anterior e não jogou mais naquele mundial), sofreu uma falta próxima à intermediária. Ele mesmo se levantou, pegou a bola e a colocou no local indicado pelo árbitro da partida.

A distância era longa, mas Branco era dono de um dos chutes mais potentes que os brasileiros já viram. Estava para acontecer um dos momentos mais marcantes para a minha jovem vida de torcedor, afinal eu tinha 13 anos naquela ocasião. Branco acertou um foguete e estufou a rede no canto esquerdo do goleiro Göer. Romário ainda tirou o corpo da trajetória da bola para que se evitasse um desvio. Depois desta partida, o Brasil venceria Suécia e Itália, respectivamente, e se tornaria o primeiro tetracampeão do mundo.