sobre cinzas e ressurreição...

o carnaval morreu

lembro-me bem, faz quase um ano
a noite caindo, o caminhão subindo
o som diminuindo, as pessoas sumindo

e as ruas cada vez mais vazias
os bares e corações fechando suas portas
a vida se espatifando aos poucos
voltando para a realidade rotineira

pouco a pouco, a alegria se desfazia
e o último bloco recolhia seus encantos
e nós, a sós, sem dança e sem pipoca,
chorávamos sentados no chão de pedra

e ao ouvir as primeias badaladas da quarta-feira
nos pitamos de cinzas e morremos por um tempo
pois sabíamos que o inevitável acontecera
o carnaval se foi, morreu mais uma vez

levou todas as marchinhas
levou você, minha alegria
só deixou meias lembranças
e saudades de uns dias sem memória

mas agora cá estamos
novos, de corpo e alma renovados
prontos pra ressucitarmos a alegria
e (re)vivermos nosso caso de amor

amor ao profano, às marchinhas
amor ao próximo, ao distante
e por que não amor a você, meu bem
de quem já nem me lembro bem

agora, um salve ao carnaval

muito samba pra aquecer

algo bom para beber

e eu e você, juntos

no meu reino da alegria.