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21 janeiro, 2007

sobre 1988...

1988

lembro do cheiro da maçã do amor
do som da buzina velha do sorveteiro
dos velhos, hoje mortos, sentados na praça
das moças com seus cabelos esquisitos
e dos cachorros que nos mordiam o traseiro (na verdade, foi a perna)

ahhh, como era bom

e da bandinha no coreto, quem se lembra?
das festas juninas, com cheiro de pipoca
e das porções de batata frita servidas num pratinho de papelão
fora os pastéis de queijo que queimavam (e ainda queimam) a boca
e os bêbados que dançavam sem parar até a madrugada

e nem era tão assim, madrugada

dez da noite era muito tarde pra ficar na rua
diziam até que por aqui existiam maus elementos, os maloqueiros
mas mesmo assim mas ninguém fechava as portas pra dormir
e conseguiam sempre repousar em paz
sem cadeados, com as portas e corações abertos para a vida

e as brincadeiras então

essas sim, eram divertidas, contagiantes
toda molecada se envolvia intensamente
eram pegas, escondes e bicicletas com rodinhas
e o velho da igreja xingando: "não subam na árvore seus arteiros"
e a turminha corria, fugindo das vassouradas do santo bruxo

e os mais velhos com suas gírias

para uns éramos um bando de reinadores, arteiros
ou um grupo de serelepes que faziam presepadas
e quando dávamos alguma pisada na bola
éramos um bando de pedrobós (hoje, manés)
e tudo era tão engraçado, tão divertido (menos a escola e as tarefas)

e hoje, como é??

hoje tudo mudou, nada é como antes
nossa vida é bem mais complicada, cheia de chatos deveres
mas também pode ser muito divertida, cheia de brincadeiras
pintemo-nos de palhaços e saiamos de mãos dadas pelo mundo

pode ser divertido.